Os artigos que se encontram reunidos neste volume foram apresentados durante o VIII Encontro e III Simpósio Internacional de Bioética da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), evento realizado em setembro de 2022, sob a organização do Grupo de Pesquisa em Ética e Bioética (GPEB/UPM/CNPq).
Na seleção dos textos que o compõem, fomos – nós e os pareceristas ad hoc – movidos mais uma vez pela preocupação premente com a necessidade de sublinhar a natureza interdisciplinar da Bioética. Como ressaltado em publicação anterior de nosso grupo, concebemos a ideia de interdisciplinaridade não como uma decisão metodológica, dentre outras possíveis, tomada, conforme preferências subjetivas, pelo pesquisador. A despeito de imprescindível, a motivação pessoal, ainda que baseada no compromisso inadiável com a superação das barreiras estabelecidas pelo conhecimento compartimentalizado, nem sempre mostra-se suficiente para abordar por completo as profusas dimensões constitutivas do objeto de estudo. No âmbito da Bioética, o diálogo entre diferentes áreas de conhecimento não é uma simples alternativa, mas antes uma exigência que surge sem mediações das questões persistentes e emergentes que definem seu escopo.
De um ponto de vista histórico, o desenvolvimento da Bioética esteve de início atrelado quase que exclusivamente às ciências médicas.
Esta situação deveu-se ao fato de que os processos e resultados decorrentes dos avanços biotecnológicos fizeram-se presentes de imediato no campo da saúde, trazendo consigo novos dilemas morais, tratados ainda sob a ótica circunscrita do exercício da ética profissional.
Assim delineado, este contexto asfixiou de certa forma a recepção do livro de Van Rensselaer Potter, publicado em 1971, Bioética: ponte para o futuro, cuja intenção consistia justamente no estabelecimento de um elo que efetivasse a reaproximação entre as hard sciences e as ciências humanas, permitindo a retomada de um diálogo que restituísse ao prefixo “bios” sua plena integralidade, que o vincula originalmente não somente à vida humana, mas a todos os sistemas vivos.
É justamente esta perspectiva socioecológica que constitui o mote Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos (DUBDH), que veio a público em 2005. Com ela, sacramentou-se definitivamente a natureza interdisciplinar do temário bioético.
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